segunda-feira, 18 de março de 2013

Líderes evangélicos cobram saída de Feliciano da CDH

Edson Sardinha
Em nota assinada por mais de 150 lideranças religiosas, grupo pede que deputado seja substituído na presidência da Comissão de Direitos Humanos por alguém familiarizado com o tema e diz que não há perseguição religiosa

Uma carta assinada por mais de 150 lideranças evangélicas pede a substituição do deputado Pastor Marco Feliciano(PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara por um parlamentar mais "familiarizado” com o tema. O documento, divulgado pela Rede Fale, cobra dos deputados evangélicos que integram a comissão que definam um novo nome para comandar o colegiado e evitem o discurso de perseguição religiosa, utilizado pelo deputado para se defender das críticas à sua eleição.
"Não há uma perseguição aos evangélicos; há, sim, uma situação de conflito que precisa ser equacionada, especialmente porque, para nós, o compromisso do Evangelho com os mais pobres e vulneráveis é central”, diz trecho do texto.
Este é o segundo manifesto assinado por entidades religiosas, desde o último fim de semana, a favor da saída de Feliciano da presidência da comissão. No domingo, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), que integra as igrejas Católica Apostólica Romana, Episcopal Anglicana do Brasil, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Sirian Ortodoxa de Antioquia e Presbiteriana Unida, também divulgou nota de repúdio à eleição de Feliciano.
Entre os signatários do novo documento, estão pastores de igrejas como a Presbiteriana, a Batista e a Assembleia de Deus, da qual o deputado paulista faz parte. Assinam a nota, entre outros, o pastor Antonio Carlos Costa, do Rio de Paz; o bispo primaz da Igreja Anglicana Mauricio Andrade; e o pastor batista Ariovaldo Ramos, presidente da Visão Mundial.
A Rede Fale é composta por 12 organizações evangélicas e 33 grupos locais, de 17 estados brasileiros. Segundo os coordenadores do movimento, trata-se de uma rede de orientação cristã que busca, há mais de dez anos, unir indivíduos e organizações para orar e agir contra as injustiças sociais.
Pastores e direitos humanos
De acordo com o abaixo-assinado, a comissão deve ser presidida por um deputado que tenha compromisso com os direitos humanos e o enfrentamento da tortura, do tráfico de pessoas, do trabalho escravo, da violência e corrupção policial, e com a defesa das pessoas ameaças de morte. Segundo os religiosos que assinam o documento, este não é o caso de Marco Feliciano, líder da Igreja Assembleia de Deus Catedral do Avivamento.
Para eles, o fato de 12 dos 18 integrantes da Comissão de Direitos Humanos serem membros de igrejas evangélicas reforça a responsabilidade de pastores e lideranças das denominações religiosas com o tema. "Entendemos que este momento representa uma oportunidade concreta para a promoção e a defesa dos direitos dos mais vulneráveis e das minorias. Nesse sentido, é preciso tanto uma postura de escuta a Deus e à sociedade, quanto a certeza de que os espaços de poder ocupados precisam ser utilizados principalmente como espaços de serviço”, afirma a nota.
Polêmicas
A eleição de Marco Feliciano tem sido contestada por causa de declarações polêmicas dadas pelo deputado em relação a negros e homossexuais. Ele é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura se ele cometeu discriminação por orientação sexual, e de ação penal, por estelionato, como mostrou o Congresso em Foco.
A bancada do PSC na Câmara se reúne hoje para avaliar a repercussão negativa da indicação feita pelo partido. Milhares de pessoas saíram às ruas no final de semana para protestar contra a eleição de Feliciano. Ele afirma que não renunciará ao cargo e que sofre de perseguição religiosa por ser pastor evangélico.
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