"Parece que em São Paulo, ser pobre, negro e morador de periferia é crime punido com pena de morte", alertam organizadores do ato que será a partir das 18h, na Vila Sabrina, zona norte da capital
CUT/SP
“Por que o senhor atirou em mim?”, perguntou Douglas Rodrigues, 17, segundos após ser atingido por um disparo feito por um policial militar em frente a um bar na Vila Medeiros (zona Norte), no dia 27 de outubro. O adolescente passeava com o irmão mais novo no bairro, numa tarde comum de domingo, quando a polícia se aproximou para averiguar uma denúncia de “perturbação de sossego”, em decorrência do alto volume da música que tocava na rua. Sem nem mesmo ser abordado, Douglas, que estava em frente ao local, tomou o tiro, em ato que foi justificado pela polícia como um acidente.
A ocorrência gerou revolta de moradores da região, que protestaram durante a madrugada daquele dia. Houve confrontos, ônibus incendiados e bancos depredados. Agora, cerca de 15 dias depois, a frase dita por Douglas antes de morrer já se tornou símbolo de uma causa maior, encampada por diversas organizações sociais e artistas: pelo fim da violência policial, especialmente contra pobres e negros, e pela desmilitarização da polícia. Nesta quarta-feira, dia 13, mais um ato acontece em São Paulo, na Vila Sabrina (zona Norte), a partir das 18h.
No texto publicado no facebook, os organizadores explicam a bandeira: “Travestida de acidente, a violência policial é dirigida. Tem cor e endereço, assim como Douglas, são jovens negros e de periferias. Em 2010, no Brasil, 49.932 pessoas foram vítimas de homicídio, e 70,6% delas eram negras. Só na cidade de São Paulo, 624 jovens foram vítimas de homicídio em 2011: 57% eram negros. Parece que em São Paulo, ser pobre, negro e morador de periferia é crime punido com pena de morte”. O Coletivo Arrua, envolvido na campanha, publicou vídeo com a participação de nomes como Emicida e Dexter: