quarta-feira, 30 de abril de 2014

A guerra religiosa na África


Dalmo Oliveira
Dalmo Oliveira

Por Dalmo Oliveira;Afropress
Vinte duas pessoas, entre elas três colaboradores humanitários da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), mortas em um ataque a um hospital em Nanga Boguila, a 450 km de Bangui, semana passada, exibiram para o mundo todo as conseqüências da brutal guerra por motivos religiosos que a assola a República Centro-Africana (RCA), no coração do continente africano.
A região é marcada pela violência inflamada pela fome, pelo tráfico de armas e pela disputa na mineração de pedras preciosas. A sudeste estão as conflagradas Ruanda, Uganda e o Burundi. Mais acima o complicado Sudão. E o Congo ao Sul.
Segundo a ONU, “(…) Os incidentes de segurança contra os trabalhadores e bens humanitários se multiplicaram nos últimos meses, colocando em risco as operações de salvamento em curso”. Além da questão religiosa, os conflitos se exacerbaram desde que seu líder, o ex-presidente Michel Djotodia, foi obrigado a deixar o poder, os combatentes da ex-rebelião Seleka executam ataques em várias regiões do país, sobretudo no norte.
Informações oficiais da ONU dão conta ainda de que o subfinanciamento histórico da ação humanitária na RCA está prejudicando seriamente a prestação de assistência para 1,9 milhão de pessoas beneficiadas com o Plano de Resposta Estratégica (SRP, na sigla em inglês). O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou recentemente, por unanimidade, uma resolução que autoriza a criação de uma força de paz na República Centro-Africana (RCA) para tentar conter a violência entre cristãos e muçulmanos que afeta o país.
A resolução prevê o desdobramento de uma força de manutenção da paz de até 11.820 integrantes – 10 soldados, 1,8 mil policiais e 20 agentes penitenciários – com o objetivo de estabilizar o país, que sofre uma grave onda de violência e instabilidade há mais de um ano. Ela também autoriza que as tropas francesas que já estão no país atuem em conjunto com as forças da ONU.
A RCA, colonizada por franceses, desde meados do século XXIII, sofreu exploração secular por causa do marfim, da borracha e dos diamantes. A França promoveu instalação de latifúndios nas terras férteis, ali produzindo café e algodão, utilizando mão-de-obra escrava. Companhias francesas chegaram a deter cerca de 70% das terras do país.
Quilombola pra inglês ver
No sábado, 26, um evento reunindo as comunidades quilombolas na região de Pombal atraiu grande número de assessores do Governo do Estado àquela região sertaneja. “I Grande Quilombo – Encontro Sertanejo das Comunidades Quilombolas do Sertão” foi o nome dado ao evento, que ocorreu no sítio São João. A presença do governador na comunidade coincidiu com a realização da plenária regional do Orçamento Democrático, ocorrido no dia seguinte em Pombal. O governador anunciou que no mês de maio as comunidades terão cursos de qualificação profissional e social nas áreas  de corte e costura, artesanato, embelezamento e na área agrícola.
O fato é que as comunidades quilombolas paraibanas precisam muito mais do que cursinhos de capacitação. Muitas delas continuam sem acesso à água tratada, muito menos ao saneamento básico. Outras sofrem porque as estradas de acesso às comunidades rurais ainda são sofríveis. Políticas públicas destinadas à saúde da população negra, ao acesso fundiário à terra, e à promoção cultural desse segmento social ainda são tímidas ou inexistentes.
#somostodosmacacos
hastag criada por Neymar  no Twitter, inspirada na atitude de Dani Alves em devorar uma banana jogada pela torcida adversária do Barcelona, no domingo passado, 27, se tonou rapidamente num viral nas redes sociais. Os jogadores brasileiros sacaram que o melhor antídoto contra os racistas é levá-los na esportiva, ridicularizando-os com suas próprias provocações. Show de bola!
Dois que se foram…
             A coluna registra com pesar o desaparecimento de dois companheiros que fizeram a diferença enquanto viveram aqui no Ilê aiyê: Pádua Belmont, músico, violonista, compositor, faleceu domingo passado, depois de vários meses de luta contra um câncer pulmonar.  A luta contra a doença  deu origem ao seu último trabalho,  que lançaria em breve: o livro e CD “Os Limites da Dor do Ser”. Pádua  lançou quatro álbuns solos, o último deles, lançado em 2013, intitulado “Luzes do Vale”. Em composições, fez parcerias com Lúcio Lins, Totonho, Zilma Ferreira, Kennedy Costa, Val Mariano, entre outros artistas paraibanos.
No dia anterior foi a óbito meu ex-professor de Metodologia da Pesquisa Científica, William Pinheiro, com quem estudei nos primeiros anos da graduação em Jornalismo, no antigo DAC da UFPB. Foi um dos mestres mais irrequietos daquele período (86-90) em que pude desfrutar de parte de sua bagagem cultural e humanística. Controverso, iconoclasta, irreverente, anti-ortodoxo, alegre, extrovertido, sagaz e comprometido seriam alguns dos adjetivos que caberiam bem ao perfil do professor William Pinheiro. Juntamente com mestres do naipe de José Luiz Braga, Antônio Fausto Neto, Neroaldo Pontes, Francelino Soares, Wellington Pereira e Carmélio Reynaldo, Pinheiro ajudou a formar jornalistas paraibanos (e de outros cantos do Brasil) com espírito crítico, ética e alta capacidade metodológica e cultural. Tenho certeza que a UFPB não terá tão cedo em seus quadros docentes uma mente tão brilhante e um espírito tão libertário. Que o Orun lhe receba bem!

Nenhum comentário:

Postar um comentário